sexta-feira, 11 de maio de 2012

Xícara de Café

Há algum tempo atrás, me peguei sentada na frente do computador com minha xícara de café, louquinha de tédio e a procura de alguma coisa interessante para fazer. Levantei, dei uma volta pela casa inteira à procura de algo novo. Nada. Voltei para o computador, dei um gole no café. Fiquei observando por alguns segundos -que me pareceram horas- aquele plano de fundo. Vaguei os olhos pelos ícones do meu 'desktop'. Editor de fotos, programa para baixar partituras, navegador de internet. Nada novo. Fui lá dar outra volta na casa. Deparei-me com o espelho que tem na parede da minha sala. Olhei para meu reflexo, fiz uma careta, ri sozinha. Não, isso não era legal e muito menos novo. Fui eu então procurar outra coisa pra fazer. Enquanto vagava do quarto pra sala, pra cozinha, pra varanda, pensava no quanto me sentia inútil por não encontrar nada -ou achar que não tinha nada- pra fazer. Sentei ao piano, não toquei nem metade de uma música. Que diabos estava acontecendo comigo? Sentia-me sem serventia alguma, me sentia um nada, me sentia o branco colocado acima do próprio branco. E é engraçado o fato de que não só eu, mas que a grande maioria das pessoas geralmente se sente assim.Voltei a me observar no espelho, mas dessa vez não minha face, e sim minhas características, minhas virtudes. O que escondia eu, por baixo dessa carcaça? Nem eu mesma sabia. Quem sabe um pouco de amargura, ou talvez muito amor pra dar pra qualquer um. Quem sabe.Sempre achei muita graça esse lance de falarem que cada pessoa tem sua própria identidade, afinal sempre me vi sendo qualquer um deles. Sou dessas pessoas que costumam se colocar no lugar dos outros e tentar pensar que nem ambos antes de fazer as coisas.Pensei em escrever um texto, qualquer rabisco sobre o que acabara de descobrir, que eu ainda não sou nada comparado ao que todos os outros são. Eu queria juntar todos eles dentro de mim, e me tornar uma pessoa com que todos pudessem se comunicar, e logo após comentarem “Nossa, vejo muito de eu em você”. Mas, de que me adiantaria um texto, se a maioria não o leria?Pensei então em pintar um quadro, fazer um cartaz, qualquer coisa. Algo, por favor, que me tirasse do tédio e me deixasse expressar para os outros quem eu sou. Criatividade, querida criatividade... Cadê você nessas horas? Acho que a perdi dentro da xícara de café.Deito na minha cama, olhando pro teto –que costumou sempre ser minha tela reprodutora de filmes- e acabo por me ver, novamente, a procura de algo novo. Começo a contar carneirinhos, até que me perco nos números. Então me veio em mente todas minhas histórias. Algumas tristes, outras até que bem engraçadas. Rio sozinha de novo. Viro para o lado, dou um suspiro profundo. Pronto, achei algo para curar meu tédio. Fecho os olhos, e me deixo levar pelo sono.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Aeroporto.

Era manhã cedo de um julho não tão frio. Ela se encontrava no aeroporto, ele também. Eles não sabiam que iriam se encontrar. Ele estava à frente dela, ela o observava de costas e comentava com sua companheira o quanto achou ele bonito. Eles começaram a se trocar olhares, e vieram a conversar de forma indireta. Ela jamais encontrou alguém que lhe desse tanta atenção, ele jamais encontrou alguém por quem se sentiu tão atraído em instantes.
Eles conversaram, e conversaram, e conversaram. Sentiram medo juntos, e riram juntos. Criaram um desejo pelo outro dentro de si, porém tinham vergonha em falar. Uma afinidade tão grande como se já se conhecessem, se namorassem.
De repente aconteceu, um beijo, um beijo tão doce e tão inesperado que creio que seja lembrado até hoje por ambos.
Falam que o proibido sempre é mais divertido, e creio que tenha sido. Somente os últimos bancos daquele avião poderiam esclarecer isso. Memórias do proibido jamais se apagarão com o tempo, ficarão marcadas no coração de ambos, como uma história linda de um amor que jamais poderia dar certo.
Quem sabe até tenha dado, por uns instantes. Hoje o que os resta é só a lembrança, de uma manhã não tão fria de julho, onde ela se encontrava no aeroporto, e ele também.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Feelings.

Eu não estou feliz. Eu na realidade não consigo descrever mais o que é felicidade, e isso já vem há alguns dias. Eu andei descobrindo coisas, coisas sobre mim, coisas que nem eu mesma sabia. Eu já comentei o quanto eu odeio a sociedade? Pois é, eu a desprezo. A desprezo simplesmente pelo fato de ela se importar mais com a vida dos outros do que com sua própria vida, pelo fato de ela não ter nada de tão interessante a fazer e sair falando dos outros a vontade, como se eles não se importassem ou não sentissem nada também. Quem sabe eu esteja sendo alvo disso. Andam falando de mim, sim. Mas não, algumas coisas não são verdade. Eu só me pergunto, e se fossem? Não é da conta deles, não é da conta de ninguém. É o meu passado, meu passado escuro, sujo e cheio de mentiras. Eu não posso apagar ele, ninguém pode apagar o passado. Eu tento mudar, não pelo fato de querer parecer uma pessoa melhor, mas por mim. Eu não me sinto bem sendo o que eu sou, eu não me sinto bem sabendo que todos comentam algo sobre mim. É impossível esquecer o que eu fui, ou o que as pessoas acham que eu fui. Sempre vem alguém me lembrando 'daqueles dias' ou 'daquelas histórias' e também 'daquelas atitudes'. Equivocadas e mentirosas, todas, sem exceção nenhuma. Mas, que posso eu fazer? Rir e falar 'isso já era'? Não, eu não posso fazer isso. Essas lembranças tem me machucado, tem feito eu pensar cada vez mais na aberração que eu me tornei, nessa coisa fútil e sem serventia nenhuma.
Eu ando sofrendo as consequências disso. Minhas supostas amigas estão se afastando de mim. Todos estão. Eu estou vendo todas as pessoas que eu mais amo partirem e eu sei que não posso fazer nada, porque eu sou a suposta errada da história. Eu não queria sofrer essas consequências, eu queria mesmo era ficar sentada no meu canto, em silêncio, esperando todas essas mentiras sumirem com o tempo. Eu queria sumir, diminuir cada vez mais, me tornar um ser minúsculo e ser esmagada pela primeira pessoa que seja acostumada a esmagar seres minúsculos. Creio que isso seja menos doloroso do que sentir a humilhação que eu venho sentindo.
As pessoas já vem conversar comigo com segundas intenções, ninguém mais me imagina como uma amiga, as pessoas pensam em mim como um objeto que eles usam, se saciam e jogam fora. Isso me mata por dentro. Isso me deixa com nojo de mim mesma. Eu desejo morrer, eu tento morrer. Eu não vejo uma razão pra não fazer isso, porém meu medo me impede. Apesar de sofrer tudo o que estou sofrendo, eu tenho medo de que em silêncio eu possa ser importante pra alguém, e acabar machucando esse alguém quando eu partir. Esse é meu grande defeito, eu me importo muito com os outros e acabo esquecendo de mim mesma.
Eu desejo do fundo do meu coração que eu me torne fria, insensível e despreocupada com tudo e com todos. Eu quero ser o meu centro de atenção, eu quero pensar exclusivamente em mim. Eu vou tentar isso, mesmo sabendo que as chances de isso acontecer são mínimas. E eu desejo, do fundo do meu coração, que todas as pessoas que estão fazendo eu sofrer, mesmo que não intencionalmente, sofram depois, sofram o dobro, por verem que todo o mal que elas me fizeram, voltou pra elas e com mais intensidade. Desejo que todas essas pessoas se queimem com as próprias palavras, morram nas próprias mentiras.
Desejo o fim de tudo, de todos, inclusive o meu.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para meu grande amor.

Eu não sei ao certo como começar a citar algumas das coisas maravilhosas que você fez por mim, na verdade eu nem sei explicar como essas coisas são, afinal, sempre foram da melhor forma possível, eu sei que tudo o que você fez por mim foi de coração, e isso é indescritível. O fato é que não há algo de mais importância que tenha acontecido entre nós, afinal amo o que você é, amo o que você faz por mim e amo mais ainda a forma que você me trata, sem nunca termos nos aproximado fisicamente. Eu seria ridícula se não me apaixonasse pela pessoa que você é, eu seria realmente ridícula se não me apaixonasse por você. Eu quero você comigo, eu quero ouvir você sussurrar ao meu ouvido, eu quero sentir teu corpo ao te abraçar forte, eu quero encostar minha cabeça no teu ombro enquanto estiver sentada ao teu lado, eu quero sair na rua numa noite de inverno de mãos dadas contigo, eu quero deitar na grama e contar as estrelas contigo, eu quero simplesmente me perder no tempo e ser feliz ao teu lado. Eu deito na esperança de que no menor tempo possível você possa estar deitado ao meu lado. Eu passo o meu dia fantasiando meus dias contigo. Eu procuro teu rosto nas pessoas enquanto eu caminho. Eu procuro tua presença quando eu me sinto solitária, e acredite, eu a sinto. Eu te sinto em mim, de uma forma tão forte, que as vezes até parece real. Eu imagino os teus beijos com sabor de café, eu imagino o teu abraço apertado, eu imagino o toque da tua mão ao acariciar meu rosto. Eu zelo pelo sentimento que a gente construiu, eu cuido do nosso amor, cuido da melhor forma possível, pra que ele nunca se quebre ou enfraqueça. Os antigos já diziam que de uma bela amizade nasce um belo amor, e olhe o que se criou entre nós. Eu espero ansiosamente pelo dia em que vou te ver na minha frente, que vou finalmente poder te abraçar, te olhar nos olhos e falar o quanto eu esperei por esse momento. Eu espero ansiosamente pra que todos os nossos sonhos e as nossas fantasias se realizem, e eu vou fazer o impossível pra que tudo se torne real. Eu espero, do fundo do meu coração, que isso nunca se acabe. Eu espero por você. Eu amo você.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Esperança.

Já estava amanhecendo e ela se encontrava ali, olhando pro nascer do sol, sentada em sua janela, com as pernas em direção a rua. Ela não tinha dormido essa noite, nem na anterior, e nem nas outras. Havia algo que a incomodava, algo que na realidade incomodaria a qualquer um. Ela estava com uma expressão vaga, não se definia o que ela expressava. Sabia apenas que havia um vazio no seu peito, um vazio que há muito não era preenchido. Ela sentia saudades, e não dormia por causa da distância que a separava de alguém que ela sempre desejou que estivesse ali, ao seu lado, sentado na janela, olhando o nascer do sol. Com o primeiro raiar de sol veio o primeiro suspiro, e assim foi raio após raio, até o sol aparecer majestoso e belo em toda sua grandeza. Ela não se importava com os minutos, talvez as horas que passava sentada ali, ela na realidade não se importava mais com nada. Parecia que essa ausência fazia com que ela ignorasse a tudo e a todos, fazia ela focar apenas nisso, na dor que ela sentia por causa da falta de quem tanto amava. Ela não dava mais bolas pro fato de não estar mais vivendo, ela simplesmente existia. Existia também só por um motivo, que era o de acreditar que um dia, ele poderia estar sentado ao lado dela na janela, olhando o nascer do sol, e consequentemente todo seu vazio e sua dor desapareceriam. A porta de seu quarto estava trancada, mas isso não fazia diferença, afinal estava morando sozinha. Ficava trancada apenas pra tentar se proteger, por achar que se trancando em um espaço só seu, o mundo lá fora não poderia entrar. O único contato que ela tinha com seu ser tão desejado era via telefone, fazendo com que esse se tornasse parte dela, não desgrudando dele nunca. Estava sempre a espera de uma ligação, de uma mensagem ou algum sinal de vida. Ela vivia por ele. Ela dormia por ele. Ela, querendo ou não, passou a ser ele. Quando ele ligava, prontamente ela atendia e falava que estava a espera de sua ligação, e assim eles conversavam por horas a fio, fantasiando planos para um futuro incerto. Nesse dia não foi diferente, quando ele ligou, eles conversaram por horas, até que então, ele gentilmente pede alguns favores pra ela. Pediu primeiro que ela destrancasse a porta de seu quarto e abrisse toda a casa, que se encontrava fechada havia dias. Depois, falou que ela encontraria algumas cartas dentro da caixinha de correio, e cada uma com um numero. Era pra ela seguir à risca o que cada carta dizia, começando do número um. Assim ela desligou o telefone e fez o que ele pediu. As cartas eram instruções, falavam pra ela se alimentar, tomar um banho, colocar a roupa que ela mais gostasse, e logo depois abrir a porta de sua casa. Ela achou tudo meio estranho, mas assim o fez. Ao abrir a porta, encontrou ele ali, parado, havia várias horas, esperando pacientemente por esse momento. A porta do mundo dela, até então trancada, se abriria somente agora, somente para ele. Então a porta se fecharia a sete chaves, para ele nunca mais sair dali.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Memórias.

Era tarde da noite, eu já havia tirado meus calçados e colocado os chinelos de lã. O frio uivava ferozmente lá fora, o estalido da lareira fazia com que meus pensamentos se confundissem o tempo inteiro. A chaleira estava chiando, anunciando que a água para o meu café acabara de ferver. Lutando contra o frio, levantei-me e fui em direção à cozinha passar meu café. Caminhava lentamente, passo seguido de passo, como alguém que não tinha pressa para fazer nada. Estava passando meu café agora, o doce aroma que saía com a fumaça não invadiu somente a cozinha, invadiu a meus pensamentos também. Um turbilhão de memórias apagadas pelo tempo retornavam nesse momento, memórias das quais eu já deveria ter me esquecido. Começo a pensar nos finais da tarde quando, sentado à mesa que estava logo atrás de mim, você costumava comentar de quão bom era o aroma do meu café, e após o primeiro gole, me elogiava falando que eu melhorava a cada dia. Dou um longo suspiro, fazendo com que as memórias se misturem com a fumaça da água quente. Coloco meu café na térmica e caminho em direção à sala, procurando o calor da lareira. A mesma memória insistiu em voltar ao pensamento, fazendo com que eu desse atenção ao assunto. Como agi errado, não fazia sentido ter sido daquela forma, não fazia sentido nem ter começado com todas as complicações que acarretaram com um final. Eu tinha tudo em mãos, e por culpa do meu alter ego fiz com que nosso amor ruísse. Lágrimas agora molham os meus olhos. Dou um gole de café, amargo e forte, da maneira que você sempre gostou. Sinto um aperto enorme no meu coração. Lembro de um punhal embaixo da minha poltrona, costumava deixá-lo lá por precaução. Pego-o. Admiro demoradamente a lâmina afiada, nunca usada antes. Agora as lágrimas jorram como uma cachoeira, pensamentos obscuros se passam pela minha cabeça. Um último gole na minha xícara de café. Um último e longo suspiro. Com um movimento incerto, as mãos meio trêmulas, cravo aquele punhal no meu peito. Um grito de dor intensa, porém nada comparada a dor que você me fez sentir.

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Santiago, Rio Grande do Sul, Brazil
Ainda não há palavras que descrevam o que sou eu.